Endocardite aórtica por Burkholderia cepacia em Cão da Raça Pastor Alemão

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F. N. Gava
F. S. Barros
J. C. Grego
V. L. Carregaro

Resumo

A endocardite bacteriana é um processo infeccioso importante, que resulta da colonização do endocárdio valvular ou mural por microrganismos. É uma patologia pouco relatada em cães, devido, particularmente, à dificuldade para a obtenção de um diagnóstico preciso. O presente trabalho é o relato de um caso de endocardite em um cão portador de estenose aórtica atendido no Hospital-Escola Veterinário, da Universidade Camilo Castelo Branco, em Descalvado, no estado de São Paulo. Tratava-se de um cão, Pastor Alemão, com 1 ano e 10 meses de idade. O seu tutor referiu que o mesmo estava apresentando prostração e febre nos últimos três meses, e que haviam sido efetuados tratamentos com diversos antibióticos, sem que houvesse melhora do quadro. No exame físico, o paciente apresentou mucosas aparentes congestas e sopro sistólico em foco aórtico, grau II/VI e sopro diastólico no mesmo foco, grau I/VI. A termometria indicou 40,5 o C. Foi solicitado exame hematológico, que revelou leucocitose sem desvio à esquerda; bioquímica sérica e urinálise, sem alterações. Também foi colhida uma amostra de sangue para hemocultura e antibiograma. Após a coleta, o sangue foi alocado em tubo específico para hemocultura: Bact/ALERT® PF Plus, Biomériuex, e encaminhado para o laboratório de microbiologia. O ecodopplercardiograma revelou fluxo aórtico com velocidade elevada (2,45 m/s), sugerindo estenose aórtica e, também, insuficiência da válvula aórtica de grau discreto. Após 12 dias, o resultado da hemocultura revelou crescimento de Burkholderia cepacia, sensível a Sulfametoxazol e Trimetropim. Esse tratamento foi instituído, na dose 30 mg/ kg, via oral, a cada 12 horas. Após 15 dias, o paciente apresentou-se em bom estado geral e com temperatura 38,5o C e segue em tratamento até obtenção de três hemoculturas consecutivas negativas. Sabe-se que as estenoses geram aumento na velocidade do fluxo sanguíneo, o que pode danificar o endocárdio, com exposição do colágeno, ativação de agregação plaquetária e formação de matriz de plaquetas e fibrina, que adere facilmente às bactérias. Raros são os relatos de endocardite por Burkholderia cepacia em humanos e não foi encontrado qualquer registro em cães. Conclui-se que sempre que o paciente apresentar febre e suspeita de estenose valvular o estabelecimento do diagnóstico correto e a escolha efetiva da antibioticoterapia deverá apoiar-se nos resultados da hemocultura e do antibiograma. O cão está em acompanhamento e apresenta-se em ótimo estado geral.

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Como Citar

Endocardite aórtica por Burkholderia cepacia em Cão da Raça Pastor Alemão. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, [S. l.], v. 13, n. 2, p. 58–58, 2015. Disponível em: https://www.revistamvez-crmvsp.com.br/index.php/recmvz/article/view/28163. Acesso em: 5 dez. 2025.