Caracterização de um modelo murino para avaliação clínica e anatomopatológica de camundongos experimentalmente infectados com o vírus da encefalite de Saint Louis

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E. A. Costa
R. Rosa
T. S. Oliveira
R. Furtini
T. A. Paixão
R. L. Santos

Resumo

O recente isolamento do vírus da encefalite de Saint Louis (SLEV) em um equino que apresentou sinais neurológicos no Estado de Minas Gerais objetivou a necessidade da caracterização in vivo desse arbovírus no País, visto seu amplo potencial epidêmico e epizoótico. Estoques virais foram produzidos por inoculação do homogeneizado do tecido cerebral do equino infectado pelo SLEV em células de mosquito da linhagem C6/36. Sete grupos de seis camundongos suíços neonatos foram infectados via intracerebral (ic) com o estoque viral a uma concentração de 1.0 x 103 FFU C6/36/ 4 μL/camundongo. Os tecidos cerebrais dos animais que vieram a óbito ou que foram sacrificados sete dias pós-infecção (dpi) foram homogeneizados (pool), clarificados, filtrados e utilizados como inóculo para o segundo grupo de camundongos (P2) e assim sucessivamente até a sétima passagem (P7). A suspensão 10% resultante por passagem foi utilizada para a detecção do RNA viral por transcrição reversa seguida de PCR (RT-PCR). O SNC e os órgãos de dois animais por passagem foram fixados em formol tamponado a 10%, processados segundo a técnica de inclusão em parafina e corados com hematoxilina e eosina. Alterações vasculares como hiperemia e hemorragia foram visualizadas no SNC durante a terceira passagem (P3) em cérebros de camundongos, assim como alterações circulatórias sistêmicas caracterizadas por edema subcutâneo de membros e necrose de extremidades. A partir da quarta passagem (P4), alterações comportamentais, variando de hiperexcitabilidade à apatia, começaram a ser observadas com progressiva evolução até a evidência de sinais neurológicos, identificados por andar em círculos e perda da propriocepção dos animais. Evidente tendência à hemorragia ocorreu a partir da quinta passagem, com ocorrência de hemoperitôneo e hematomas subcutâneos, associados ao diagnóstico histológico de hemorragia multifocal acentuada em fígado, coração, rim e pulmão. Durante o estudo, a mortalidade dos camundongos infectados se deu entre o 2º e 3º dpi, chegando a 100% na última passagem (P7). O grupo controle, inoculado com PBS 10%, não apresentou qualquer alteração clínica, macroscópica ou histológica significativa. Amostras de SNC e pool dos órgãos que apresentaram alterações vasculares foram positivas pela RT- PCR específica para SLEV. No presente estudo, manifestações hemorrágicas sistêmicas, característica de outros flavivírus, como o vírus da dengue, foram observadas nos camundongos inoculados com o SLEV. Sinais hemorrágicos associados ao SLEV foram descritos pela primeira vez, no Brasil, durante um surto de Dengue sorotipo 3, em humanos. O processo de adaptação do SLEV em modelo murino permitiu a caracterização da cepa isolada, pela primeira vez no Brasil, a partir do SNC de um equino e confirmou que, além de ser potencialmente neurovirulenta, causando encefalopatia, também está associada a quadros de vascuolopatia sistêmica. 

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Como Citar
CostaE. A.; RosaR.; OliveiraT. S.; FurtiniR.; PaixãoT. A.; SantosR. L. Caracterização de um modelo murino para avaliação clínica e anatomopatológica de camundongos experimentalmente infectados com o vírus da encefalite de Saint Louis. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 9, n. 3, p. 41-42, 11.
Seção
RESUMOS ENDESA