Situação epidemiológica da tuberculose bovina no estado da Bahia, Brasil, e definição de estratégias de controle

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L. Ávila
V. Gonçalves
A. Perez

Resumo

O conhecimento detalhado da epidemiologia das enfermidades registradas em uma determinada região é necessário para ser atingido o seu controle ou erradicação, uma vez que diversos fatores podem influenciar e alterar as suas frequências de ocorrência. O presente estudo aplicou diversos procedimentos epidemiológicos aprovados pela Organização Mundial da Saúde animal (OIE) destinados a caracterizar epidemiologicamente e apoiar a definição de estratégias de controle da tuberculose bovina (bTB) na Bahia. Foi elaborado um estudo do tipo transversal para estimar a prevalência e identificar os fatores de risco. O teste de Cuzick-e-Edwards e a spatial scan analysis foram utilizados para análise espacial e a análise de risco foi utilizada para avaliar o risco quantitativo de introdução da bTB em rebanhos livres da região do sul da Bahia (maior bacia leiteira do Estado) por aquisição de bovinos. O Estado foi dividido em quatro circuitos produtores e foram amostradas aleatoriamente 320-370 propriedades em cada circuito, totalizando 1.305 propriedades. Em cada uma das propriedades sorteadas foi realizada uma segunda amostragem aleatória e sistemática, totalizando 18.607 bovinos adultos amostrados. As propriedades foram georreferenciadas, os questionários epidemiológicos foram aplicados e os animais foram testados pelo teste de tubeculina intradérmico do tipo cervical comparado (TCC). Não houve evidência significativa (P < 0,05) de agrupamento espacial, provavelmente devido à baixa prevalência da doença. As prevalências de focos e de animais foram de 1,6% (1,0-2,6%) e 0,21 (0,07-0,6%), respectivamente. Os fatores de risco associados à condição de foco foram: ser propriedade do tipo de exploração leiteira (OR= 9,72), ser propriedade do tipo de exploração mista (OR= 6,66) e ter mais de 18 fêmeas em idade maior ou igual a dois anos (OR= 8,44). A avaliação de risco demonstrou que o risco anual de introdução da bTB em propriedades livres da região Sul do Estado via comércio de bovinos vivos é insignificante, com médias de 0,00133 para o Circuito 2, 0,000217 para o Circuito 3 e 0,000335 para o Circuito 4, desde que os animais tenham sido adquiridos com resultados negativos no TCC. Ainda que esse risco seja baixo, ele esteve aumentado em cerca de 90% quando o movimento foi por via ilegal, alertando sobre a importância da vigilância dos movimentos de bovinos e a necessidade de conscientização dos produtores para só adquirem animais com exames negativos. A atual situação epidemiológica de baixa prevalência da bTB no Estado e a sua distribuição independente de fatores espaciais permitem a adoção de medidas de vigilância com vistas à erradicação da enfermidade, que podem ser iniciadas nos circuitos 3 e 4 (menor prevalência), incluindo dentre essas medidas: vigilância baseada em risco (direcionada a propriedades do tipo leite e com maiores rebanhos de fêmeas adultas), diagnóstico a partir de lesões encontradas em matadouros, educação dos produtores e políticas públicas com vistas ao maior controle dos movimentos. 

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Como Citar
ÁvilaL.; GonçalvesV.; PerezA. Situação epidemiológica da tuberculose bovina no estado da Bahia, Brasil, e definição de estratégias de controle. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 14, n. 2, p. 65-66, 29 ago. 2016.
Seção
RESUMOS ENDESA