Detecção de infecção por Mycobacterium bovis em rã-touro (Lithobates catesbeiana)

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L. Reisfeld
B. Silvatti
C. Ikuta
G. Oliveira
J. Soares
F. Salvagni
F. André
J. L. Catão-Dias

Resumo

As micobactérias têm sido reconhecidas como uma fonte de morbidade e mortalidade em anfíbios. Até o presente, todos os casos descritos nestes animais foram de micobactérias atípicas. O presente trabalho descreve um caso de micobacteriose em Lithobates catesbeiana causado por Mycobacterium bovis. O animal era mantido em cativeiro há cinco anos, vindo a óbito sem a detecção de qualquer alteração clínica evidente. À necropsia, foi observada a presença de 5 ml de liquido translúcido de consistência viscosa na cavidade celomática. Macroscopicamente, pulmão, fígado, baço, intestino e rins apresentavam coloração enegrecida com presença de lesões nodulares multifocais, de aproximadamente 0,1-0,2 mm. Swabs de todos os órgãos acometidos foram realizados, acondicionados em meio de Stuart e encaminhados para exame microbiológico. Não foram observadas outras alterações macroscópicas, e fragmentos de todos os órgãos foram acondicionados em formol 10% e submetidos à realização de exame histopatológico. O exame citopatológico do líquido celomático evidenciou grande quantidade de material proteináceo, acompanhada por pequena quantidade de eritrócitos, raras células mononucleares, detritos celulares e escamas cutâneas, compatível com transudato modificado. A histopatologia revelou em pulmão, baço, intestino, fígado, pâncreas e rim a presença de múltiplos granulomas repletos por bacilos álcool-ácido resistentes (BAARS), evidenciados pela coloração de Ziehl-Neelsen. Notou-se também congestão difusa, focos de hemorragia, extensas áreas de necrose e hiperplasia dos centros de melanomacrófagos. O resultado histopatológico foi compatível com micobacteriose. Para a tentativa de isolamento de micobactérias, uma amostra de swab dos órgãos foi tratada com cloreto de 1-hexadecilpiridínio (HPC) a 1,5%, semeada em Stonebrink e Löwenstein-Jensen e incubada a 37ºC por 90 dias. Os BAARS isolados foram classificados como pertencentes do complexo Mycobacterium tuberculosis e identificados como Mycobacterium bovis, pela técnica de PCR multiplex com base na combinação de iniciadores com regiões alvo, 16S rRNA e MTB70, e das regiões genômicas de diferença RD9 e RD12, respectivamente. Este trabalho apresenta o primeiro relato de infecção de anfíbios por um membro do complexo M. tuberculosis, especificamente por (M. bovis) e realça a existência de implicações sanitárias relevantes, uma vez que estes animais são comumente utilizados na alimentação humana.

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Como Citar
ReisfeldL.; SilvattiB.; IkutaC.; OliveiraG.; SoaresJ.; SalvagniF.; AndréF.; Catão-DiasJ. L. Detecção de infecção por Mycobacterium bovis em rã-touro (Lithobates catesbeiana). Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 13, n. 1, p. 60-60, 28 abr. 2015.
Seção
SEMANA CIENTÍFICA PROF. DR. BENJAMIN EURICO MALUCELLI