Estudo descritivo da frequência de SIRS, sepse, sepse grave e choque séptico, diagnosticadas ao atendimento na sala de urgência, e relacionada com a mortalidade em cães com gastroenterite

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

J. G. M. P. Isola
A. E. Santana
P. C. Moraes
D. M. Xavier
R. C. Rabelo

Resumo

A Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) ocorre quando há o desequilíbrio entre fatores pró e anti-infl amatórios, sendo então, uma resposta exarcebada do organismo frente a um dano tecidual de variadas etiologias. As causas mais comuns em pequenos animais estão a pancreatite, doenças imunomediadas, neoplasias, a hospitalização, queimaduras e politraumas. Como consequências da SIRS, relatam-se a perda de tônus vascular, alteração da permeabilidade endotelial, hipercoagulabilidade e fibrinólise desordenada. Para serem diagnosticados com SIRS, os cães devem apresentar ao menos duas de quatro das seguintes possíveis alterações: hipo ou hipertermia (menor que 38,1 0C ou maior que 39,2 oC); taquicardia (maior que 120 bpm); taquipnéia (maior que 20 rpm) e leucopenia ( menor que 6.000 leucócitos) ou leucocitose (maior que 16.000 leucócitos). A SIRS pode ser desencadeada por diversas condições infecciosas, sendo então, chamada de Sepse. De acordo com a Conferência Internacional de Definições de Sepse (2001), a sepse é definida como uma infecção por vírus, bactérias, fungos ou protozoários, com resposta inflamatória sistêmica, não sendo necessária a confirmação microbiológica da presença do agente infeccioso, mas apenas uma forte suspeita. A infecção não é definida apenas quanto à presença do microorganismo patogênico, mas também quanto à presença de toxinas produzidas por ele ou por um super crescimento de bactérias próprias do local infectado. A sepse grave é descrita como uma infecção com resposta inflamatória sistêmica (sepse) concomitante a uma ou mais disfunções orgânicas como: lesão pulmonar aguda; distúrbios de coagulação; trombocitopenia; alterações do estado de consciência; falência cardíaca, hepática ou renal ou hipotensão, acompanhada de hipoperfusão com acidose lática, porém ainda sem a necessidade de agentes vasopressores. O choque séptico refere-se à falência circulatória aguda caracterizada pela hipotensão arterial persistente após correta reposição volêmica, com subsequente necessidade de administração de vasopressores para manter a pressão adequada. Doenças gastroentéricas compõem grande parte da casuística da clínica médica de pequenos animais, cujos sinais clínicos patognomônicos são evidenciados por quadros de vômito e diarreia que pode ser sanguinolenta ou não. Podendo acometer cães de diversas idades, a gastroenterite é caracterizada como uma inflamação em qualquer segmento do trato gastrointestinal e pode ser causada por diversos fatores tais como, indisposição alimentar, ingestão de corpo estranho, parasitismo, efeitos de fármacos neoplasias e infecções bacterianas ou virais. Há mais de 40 anos, as enterites virais são consideradas uma das causas mais comuns de diarréia infecciosa em cães com menos de seis meses de idade, sendo responsáveis por índices consideráveis de morbidade e de mortalidade em cães de todo o mundo. Diversas são as sintomatologias que os pacientes gastroentéricos apresentam, tais como a alteração da temperatura corporal, vômito, diminuição do apetite, anorexia, prostração e desidratação. Devido, geralmente ao quadro infeccioso e inflamatório sistêmico, os cães podem entrar em quadros de sepse, evoluindo para sepse grave e agravando para possível choque séptico. Obviamente, quanto pior o quadro, menor as chances de sobrevivência, maior será o tempo de internação para tratamento dos pacientes e consequentemente, maior serão os custos dos proprietários no tratamento de seus animais. Ainda hoje, diversos médicos veterinários tratam as gastroenterites com uso de antimicrobianos e fluidoterapia com intuito de tratar a infecção e evitar a desidratação, porém, negligenciam o fato de que mais do que tratar sinais de emese e diarréias, devem tratar pacientes que apresentam resposta inflamatória sistêmica acompanhada de infecção, e isto, faz toda a diferença, tanto no protocolo de tratamento, bem como na atenção e monitorização do paciente em estado crítico. Uma vez que os pacientes estejam corretamente classificados em SIRS, sepse, sepse grave ou choque séptico, os médicos veterinários poderão intervir de maneira mais eficaz, com procedimentos específi cos e baseados em metas, no intuito de sempre conduzir o paciente a um grau menos perigoso dessa estratificação, possibilitando a melhora precoce e o menor índice de mortalidade. Assim, este trabalho tem por objetivo, chamar a atenção dos médicos veterinários a este fato, apresentando a frequência de SIRS, sepse, sepse grave e choque séptico, diagnosticadas ao atendimento na sala de urgências, de cães com gastroenterite, correlacionando com a mortalidade dessas classes de pacientes.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
IsolaJ. G. M. P.; SantanaA. E.; MoraesP. C.; XavierD. M.; RabeloR. C. Estudo descritivo da frequência de SIRS, sepse, sepse grave e choque séptico, diagnosticadas ao atendimento na sala de urgência, e relacionada com a mortalidade em cães com gastroenterite. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 11, n. 2, p. 80-82, 11.
Seção
RESUMOS CONPAVET