Avaliação microbiológica da água em assentamentos da reforma agrária no município de Candiota, estado do Rio Grande do Sul, Brasil

Resumo

A água pode transmitir diversos contaminantes químicos e/ou biológicos; na área rural, a água de usos múltiplos pode apresentar contaminação devido à captação e ao armazenamento inadequados, bem como à falta de tratamento. O presente trabalho analisou a qualidade microbiológica da água em quatro assentamentos da reforma agrária localizados no município de Candiota, Estado do Rio Grande do Sul. Amostras de água foram coletadas em dez propriedades em quatro assentamentos, das quais 11 amostras eram utilizadas para consumo humano e seis para obtenção do leite. Foram realizadas a determinação do número mais provável de coliformes totais e de Escherichia coli, pelo método do substrato enzimático cromogênico fluorescente, e a contagem de microrganismos mesófilos, por meio de plaqueamento em profundidade. Os resultados foram comparados com os parâmetros previstos na legislação brasileira de água para consumo humano (Portaria n. 2.914/2011 do Ministério da Saúde). Segundo a Portaria, em amostras individuais de água procedentes de poços ou nascentes exige-se a ausência de Escherichia coli em 100mL e tolera-se a presença de coliformes totais desde que haja ausência de Escherichia coli em 100mL. Não existem valores de referências para a quantificação de microrganismos mesófilos na água do meio rural, esses são exigidos somente para a água de abastecimento distribuída pela rede urbana, sendo o limite máximo permitido de 500 UFC/ mL. No entanto, o estudo utilizou esse valor como referência. Assim, das 11 amostras para consumo humano, apenas uma estava em acordo com relação aos três parâmetros avaliados. Sete apresentaram, concomitantemente, presença de coliformes totais, Escherichia coli e bactérias mesófilas acima do permitido. Das seis amostras de água de uso na ordenha, apenas uma estava em acordo com relação aos três parâmetros avaliados, em três foi detectada a presença de Escherichia coli e em quatro as contagens de mesófilos eram superiores ao limite permitido. A qualidade microbiológica da água na maioria das propriedades estava inadequada para uso humano e também para produção de leite, evidenciando a necessidade de um trabalho de conscientização dos produtores, atentando-se para esse aspecto e, com isso, produzindo um leite de boa qualidade sem riscos para a saúde dos consumidores.