Eventos de adoção com animais não castrados: análise de resultados sobre castração posterior e destino dos animais

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Andrezza Araújo De Souza
Myrella Maria De Lima Souza
Thayron Barbosa Mendes Barreto
Mayza Costa Brizeno
Elton Emilio Pereira da Silva
Maria Helena Costa Carvalho Araújo Lima
Ariene Cristina Dias Guimarães-Bassoli

Resumo

Eventos de adoção de cães e gatos vêm sendo realizados em todo o país a fim de contribuir para a diminuição do número de animais soltos nas ruas. Essa prática é recomendada pela Organização Mundial da Saúde desde 1992, aliada a castração, educação e identificação, para um controle populacional ético e eficiente. O Programa de Extensão Adote um Vira-lata vem realizando Eventos de Adoção desde dezembro de 2011, sendo que até o final de 2012 a maior parte das adoções foi de animais não castrados. A partir de 2013, a castração foi estabelecida como pré-requisito para a inscrição de fêmeas nos eventos e essa regra ainda é alvo de muita resistência entre os protetores de animais. Diante disto, saber o que ocorreu com os animais não castrados que foram doados em 2012 foi o objetivo nessa pesquisa. Nesse período, foram realizadas 225 adoções em eventos, dos quais 170 animais foram doados não castrados. Deste total 44,11% eram cadelas, 17,05% eram cães, 15,88% eram gatas e 22,35% eram gatos. As pessoas que adotaram foram contatadas através dos telefones encontrados nos termos de adoção e responderam a um questionário semi-estruturado, buscando saber se foram castrados posteriormente ou não, se o adotante ainda é o tutor do animal, se chegou a adotar outros animais posteriormente e se estes foram castrados. Dos 170 animais doados sem castração prévia, 105 tutores foram contatados, dentre os quais 40 constaram com telefone inexistente ou desligado. Dentre os 65 contatados, apenas 25 animais foram castrados posteriormente, dos quais: 40% gatas, 36% cadelas, 20% gatos e 4% cães. Dos 40 animais que não foram castrados, 52,5% eram cadelas, 25% eram cães, 12,5% eram gatos e 10% eram gatas. Quanto ao que ocorreu posteriormente aos animais adotados em 2012, os dados são expressivos. Entre os 25 que foram posteriormente castrados, 16% morreram, 8% foram repassados para outras pessoas e 4% desapareceram. Por outro lado, entre os 40 que não foram castrados, 35% morreram, 15% foram repassados para outras pessoas e 5% desapareceram. As diferenças nos dados de repasse entre animais castrados e não castrados são relevante e, principalmente, no índice de mortes, que foi o dobro entre os animais não castrados. Dos tutores que realizaram a castração de seus animais 60% adotaram outros animais, dos quais 6,67% já foram adotados castrados, 53,3% foram castrados posteriormente e 40% não foram castrados. Entre os tutores dos animais que não foram castrados, 55% adotaram outros animais, entre os quais apenas 22,72% foram castrados. Esses dados indicam que os tutores que castraram seus animais após a adoção com o programa costumam castrar outros animais adotados posteriormente. Além disso, foi observado que as pessoas que não aceitaram a castração posterior dos animais adotados mantinham essa postura, duplicando o risco de ser iniciado um novo ciclo de abandono e do desenvolvimento de doenças e problemas comportamentais ligados à reprodução em caninos e felinos. A partir dos dados obtidos foi confirmada a importância da prática da doação apenas de animais castrados em Eventos de Adoção, dado que, após a adoção, é preciso contar com o apoio dos tutores e a castração pode ser inviabilizada, mesmo que esse compromisso tenha sido acordado no termo de adoção. Assim, a realização de Eventos de Adoção só contribui efetivamente para o controle populacional e a diminuição do sofrimento e do abandono quando a castração é efetuada antes da adoção.

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Como Citar
De SouzaA. A.; SouzaM. M. D. L.; BarretoT. B. M.; BrizenoM. C.; da SilvaE. E. P.; LimaM. H. C. C. A.; Guimarães-BassoliA. C. D. Eventos de adoção com animais não castrados: análise de resultados sobre castração posterior e destino dos animais. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 13, n. 3, p. 70-70, 18 jan. 2016.
Seção
VI CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO